domingo, 30 de dezembro de 2012

Massagem,medicina feita à mão


Usada por muitas pessoas como uma forma rápida e prazerosa de aliviar a tensão provocada pela correria da vida moderna, a boa e velha massagem é uma antiga conhecida da humanidade: a manipulação sistemática dos tecidos moles do corpo tem sido utilizada como método terapêutico desde tempos pré-cristãos, tendo as culturas milenares da Índia, da China e do Japão – tradições que veem o equilíbrio da energia vital do corpo como o responsável pela manutenção da saúde e do bem-estar – como expoentes. No Ocidente, ela entrou no escopo da ciência no início dos anos 1800, quando seus efeitos foram formalmente mensurados pelo esgrimista Henrik Ling, hoje considerado o pai da massoterapia moderna.

 Foram as culturas orientais milenares, que veem o equilíbrio da energia vital do corpo como responsável pela saúde e o bem-estar, as responsáveis pela propagação das técnicas de massagem

Também conhecida como cura através do toque, a massagem vai muito além do relaxamento. “Ela proporciona serenidade, disposição física e sexual, além de promover alterações fisiológicas, atuando em nível hormonal”, enumera Rogério Pires, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Manual (ABRAMC), do Rio de Janeiro. Há quem acrescente mais vantagens à lista de benefícios, como Arnaldo Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Shiatsu (Abrashi), também no Rio. “Uma dor costuma ser a ponta do iceberg. O shiatsu, por exemplo, não trata essa dor, e sim a causa. Ajuda a harmonizar o sistema energético e fisiológico do paciente, até que ele próprio recobre sua capacidade de autorregulação e, portanto, a imunidade como um todo”, ressalta.
As opiniões acerca dos benefícios da medicina manual, no entanto, podem ficar mais pontuais. “Desconfortos musculares, como contraturas e espasmos, têm boa evolução com a técnica, já que a massagem age sobre os pontos-gatilho, a musculatura em si e também a fáscia [tecido de sustentação e proteção] muscular”, diz o ortopedista André Pedrinelli, de São Paulo.
Alexandre Cristante, também ortopedista em São Paulo, completa: “À medida que causa bem-estar ao paciente, a massagem, quando conciliada com técnicas de fisioterapia, pode ser utilizada como adjuvante no tratamento de dores musculares, lombalgias, dorsalgias, cervicalgias e contusões.”

De fibras musculares a meridianos energéticos

Desde que o sueco Henrik Ling mensurou, no início do século 19, os efeitos da manipulação do corpo para os músculos e o sistema venoso, as massagens científicas – ou modernas, como a miofascial e a sueca – passaram a se diferenciar das culturais ou tradicionais, como a ayurvédica e a tai. “As científicas atuam no campo da saúde e auxiliam a fisiatria e a ortopedia, trabalhando o caminho dos retornos venoso, linfático e arterial, circuitos de fáscias e grupos musculares específicos. Já as culturais são indicadas para desequilíbrios bioenergéticos e até algumas lesões, mas não podem ser utilizadas para patologias, limitando-se ao bem-estar e à atuação nos meridianos energéticos (como no shiatsu) ou nos doshas, perfis biológicos trabalhados pela ayurvédica”, diferencia Rogério Pires.
Os efeitos proporcionados pelos sistemas científicos e tradicionais de massoterapia também diferem: os primeiros atuam na nutrição celular e em modificações linfáticas, hormonais e arteriais, além de melhorar o peristaltismo e reparar o sono. Já as culturais trazem benefícios como maior aporte venoso, relaxamento muscular, alongamento de tecidos e aquecimento periférico. Antes de definir qual a melhor para seu caso, conheça a seguir alguns tipos de massagem e seus benefíciospara a saúde.

Massagem ayurvédica

Para a tradição indiana, saúde é a harmonia do corpo físico, mental e energético. A massagem ayurvédica atua, desta forma, tanto nos músculos, tendões, ossos e pele como nos espectros cerebral (baixando a adrenalina e aumentando a endorfina, a ocitocina e a serotonina) e energético (harmonizando os koshas, ou camadas energéticas). Mesmo com o termo massagem, a prática concentra-se no tratamento fitoterápico. “Usamos um óleo com ervas adequadas a cada pessoa. O principal é olear todas as partes do corpo, sem esquecer nenhuma. Os movimentos de pressão e deslizamento da massagem são o foco secundário, auxiliares na absorção do ‘medicamento’ pela pele”, explica Erick Schulz, vice-presidente da Associação Brasileira de Ayurveda.

Massagem Shiatsu

A técnica japonesa estimula pontos correspondentes aos meridianos (caminhos pelos quais se desloca a energia vital). Já outras escolas apoiam-se na neurologia, fisiologia e anatomia. “Há vários tipos de shiatsu, mas todos são um processo de redescoberta, no qual são desvendados desequilíbrios que o paciente não conhecia. A terapia atua no que está por trás da dor”, afirma Arnaldo Carvalho, da Abrashi.
Ele atende crianças hiperativas, pacientes com gastrite, traumas causados por perdas e até mulheres indicadas pelo ginecologista, “para tratar a cândida, por exemplo”. E explica: “O shiatsu exerce pressão rítmica similar à de um coração calmo. Seguindo esse ritmo, induzimos o cérebro a entrar na frequência de sete a 14 impulsos por segundo. O coração fica mais lento, a adrenalina baixa e a massagem vai tranquilizando quem está agitado ou energizando quem está com o ânimo baixo. A técnica faz o necessário para que a pessoa volte ao seu estado natural.”
por Maitê Casacchi - ilustrações: Marcus Penna

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